O perfil de adoecimento no mundo vem mudando das doenças infecciosas e contagiosas para as chamadas crônico-degenerativas, entre elas, o câncer.
As doenças crônico-degenerativas, em geral, se prolongam ao longo do tempo e não se resolvem espontaneamente, alterando a vida diária do indivíduo.
Ao entendermos qualidade de vida como a percepção do indivíduo sobre sua vida nos contextos de saúde, relações sociais, trabalho, estado emocional, lazer, relação com o ambiente, percebemos que as doenças crônico-degenerativas afetam, em menor ou maior grau, a qualidade de vida.
Uma vez que o indivíduo tem sua saúde bucal comprometida, o mesmo terá prejuízo nas ações relacionadas à função oral, ou seja, na mastigação, deglutição, fala, entre outros, prejudicando, portanto, sua qualidade de vida
Com relação aos pacientes com câncer, a saúde bucal é afetada por fatores relacionados à doença, principalmente nos cânceres na região de cabeça e pescoço, como também ao tratamento, que possui efeitos na boca, mesmo nos casos de cânceres em geral.
Além disso, nos indivíduos que possuem uma saúde bucal já comprometida antes do tratamento ou do adoecimento por câncer, os impactos da doença ou do tratamento tendem a se amplificarem. Pessoas com perdas dentárias, por exemplo, já possuem uma qualidade pior de mastigação e deglutição, a qual será comprometida também pelos efeitos do tratamento que, em geral, se traduzem por: boca seca, infecções, cáries, redução da abertura da boca e outros.
O mesmo se dá com relação à higiene bucal. Pessoas com uma boa condição de higiene bucal, em geral, possuem menos complicações na boca durante e após o tratamento oncológico, proporcionando melhor manejo das condições adversas do tratamento e da resposta ao tratamento, por meio de melhor alimentação e conforto, como também, a melhoria da qualidade e vida em geral.
O conhecimento das condições que diminuem a qualidade de vida de pessoas com câncer, aqui tratada em relação à função oral, é essencial para um planejamento de tratamento adequado, tanto por parte da equipe de assistência, como pelo paciente.
Devem ser conhecidos e esclarecidos os fatores que causam dano à saúde bucal do paciente oncológico, transitórios ou permanentes, que comprometerão sua qualidade de vida, para proporcionar um cuidado integral, desde o momento do diagnóstico e em todas as fases do tratamento e pós-tratamento, para a prevenção e o controle das sequelas e diminuição dos seus impactos negativos.
Esses efeitos adversos à saúde bucal relacionados ao tratamento do câncer são afetados positivamente por meio de um planejamento adequado por parte da equipe multiprofissional, da qual o cirurgião-dentista deve fazer parte atuando ativamente com a equipe e também com as outras especialidades da odontologia, ofertando ao paciente, de maneira colaborativa e integrada, as oportunidades terapêuticas possíveis para o restabelecimento e manutenção da máxima qualidade possível em saúde bucal, para que o paciente alcance melhores resultados no seu tratamento, como também alcance uma melhor qualidade de vida no seu processo de adoecimento e desfecho da doença.
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